segunda-feira, 28 de maio de 2007

carta dos estudantes da USP à sociedade

Movimento de ocupação da reitoria da USP
• Comunicado à sociedade
O movimento dos estudantes da USP, que luta por uma universidade pública e de qualidade para todos, sofre ameaça de reintegração de posse com uso de força policial. O movimento foi construído, desde o início, sobre uma base democrática, tanto organizativamente quanto politicamente, já que nossas reivindicações são fundamentalmente voltadas ao bem público.

A população do estado de São Paulo vem acompanhando um recrudescimento generalizado do uso de força policial por parte do governo Serra – tristes são os dias nos quais não se pode nem mesmo assistir a um show de rap na Praça da Sé sem temer ser atacado pela polícia.

É também um tipo de violência quando, diariamente, o teto das salas de aula desaba sobre as nossas cabeças ou estas são inundadas, ou quando as salas estão superlotadas, quando há falta crônica de professores, quando o acesso à universidade é cada vez mais restrito e quando inúmeros outros problemas impedem nosso direito a estudar.

Buscamos o diálogo com a reitora através de uma audiência pública para a entrega de nossa pauta de reivindicações. A reitora não compareceu e nossa entrada na reitoria foi barrada. Exercendo o pleno direito de manifestação, ocupamos a reitoria como forma de ato político de protesto e fomos, então, acusados de violentos.
Reivindicamos a necessidade do diálogo com a reitora, Suely Vilela, para o atendimento de nossas pautas. Após apenas duas reuniões nos foi feita uma proposta insuficiente, que recusamos. Desde então o diálogo foi cortado unilateralmente pela reitora e agora querem usar de força policial contra os estudantes. Repudiamos veementemente todo e qualquer uso de violência policial e reiteramos que violentos são os que querem destruir a educação pública.

Resolução da Assembléia dos Funcionários da USP de 18 de maioNós, trabalhadores da Universidade de São Paulo, nos incorporamos completamente à ocupação da reitoria da USP desde o início da nossa greve no dia 16/05, contra os decretos e todos os ataques do governo Serra ao funcionalismo, e em defesa da educação e dos serviços públicos.

Diante da informação de que a cidade universitária possa ser sitiada a partir desta noite, de 18 de maio, comunicamos que nos mantemos abertos à negociação com a reitoria, entretanto decidimos em assembléia na manhã do dia 18 manter a ocupação e resistir de todas as maneiras a qualquer ação violenta a mando da reitora Suely Vilela e do governo do Estado.

Chamamos a toda comunidade uspiana, funcionários, professores e estudantes e a todas organizações sindicais, políticas e sociais, que repudiam qualquer forma de repressão a se incorporarem à ocupação e virem à reitoria da USP o mais rápido que puderem, assim como a enviarem moções de repúdio ao gabinete da reitora da USP e à secretaria de segurança pública

ENVIAR MOÇÕES PARA:
Prof. Dra. Suely Vilela, Reitora da USP -
gr@usp.br

Secretaria de Segurança Pública de SP
segurança@sp.gov.br

[18/5/2007 18:36:00]

Enquanto isso, na Sala de Justiça:
Universidade Estadual Paulista promove caça aos estudantes

A reitoria da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em sintonia com o governador José Serra (PSDB), desencadeou uma perseguição ferrenha ao movimento estudantil no campus da cidade de Araraquara. No início do ano passado, foi expedida uma portaria que determina uma série de regras para coibir a organização estudantil e as manifestações no campus.

Desde então, está proibido, inclusive, colar cartazes e distribuir panfletos. O ápice dessa política digna de tempos de ditadura é a permissão da entrada da polícia no campus para reprimir estudantes. Alguns estudantes já sofrem as conseqüências dessa arbitrariedade: há pelo menos duas condenações à prisão, três expulsões e duas suspensões.

A repressão na universidade vem acompanhando a precarização do ensino superior não só em São Paulo, como em todas as universidades públicas do país. Recentemente, José Serra lançou uma série de decretos que levam ao sucateamento e à privatização das universidades paulistas. Isso ocorre no mesmo momento em que Lula tenta aprovar a reforma universitária que tem o mesmo sentido, colocando a educação como mais um d]serviço, sob a batuta da Organização Mundial do Comércio.

Em São Paulo, os estudantes se organizam e resistem. Recentemente, a situação caótica das moradias da Unicamp culminou com a ocupação da reitoria e ampliou a pauta de reivindicações para além dos muros da universidade, colocando o movimento contra os decretos de Serra e contra a reforma universitária de Lula. Neste momento, a reitoria da maior universidade do país, a USP, está ocupada também. Um grupo de intelectuais escreveu um manifesto em defesa dos estudantes da Unesp que já tem a adesão de mais de trinta assinaturas.

Não por acaso, portanto, que o governo se utilize de censura e punições num momento como esse. É preciso apoiar e manter vivo o movimento estudantil e as mobilizações como única forma de impedir a extinção completa do ensino público gratuito e de qualidade.

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